domingo, 24 de janeiro de 2016

Na verdade crianças não tiram os adultos do sério


"Na verdade crianças não tiram os adultos do sério.
Adultos já estão fora do sério. Adultos vivem fora do sério, por questões pessoais,
Por suas próprias frustrações, preocupações, medos, mágoas, receios, pressas, pressões
externas e internas. Os adultos estão constantemente fora de si, desarmonizados, 
encolerizados, contidos, como bombas prestes a explodir.
O que acontece é que mais facilmente se deixam explodir quando precisam lidar
com quem é menor, mais frágil, indefeso, quando lidam com quem não precisam temer uma retaliação. Por isso, antes de se permitir sair do sério com uma criança, 
reflita se você já não estava fora do sério, por outras razões em sua vida,
razões que só você pode (e deve) tentar mudar!

Talvez seja a vida apressada, cheia de horários controlados por segundos preciosos, 
que não podem ser “perdidos” por causa de uma criança, 
que precisa andar mais devagar para olhar pedrinhas na calçada.

Talvez sejam as contas para pagar e os prazos para cumprir, que consomem, além de energia física, uma preciosa tranquilidade mental, tão necessária para desfrutar da companhia dos filhos.
Talvez sejam as expectativas pessoais, que visam sempre um futuro melhor, mas fazem esvair por entre os dedos qualquer possibilidade de viver o agora, e tal impossibilidade grita através do choro dos filhos, que imploram neste momento a atenção de hoje.

Adultos estão constantemente “fora do sério” por causa das mágoas do passado,
 da pressa no presente e das angústias do futuro!

E as crianças, na verdade, precisam de muito pouco. Porém, o pouco que elas precisam é algo que se tornou muito difícil para nós, adultos! Elas precisam de tempo de qualidade, de olhar demorado, de presença verdadeira, sem TV ligada, sem atender o celular no meio da brincadeira, precisam de uma volta na pracinha sem um “anda logo”.

As crianças não nos tiram do sério, não nos cobram nada, é que nós, preocupados, ansiosos e infelizes, nos sentimos cobrados internamente, e quando uma criança nos pede algo simples, 
lá no fundo sentimos vergonha, pois descobrirmos que somos, ou estamos, incapazes de realizar mesmo as coisas mais simples.

São as coisas simples que carregam em si as maiores alegrias. Nossas escolhas, conscientes ou não, determinam muitas coisas em nossas vidas, e as crianças chegam depois que muitas dessas escolhas já estão solidificadas; e chegam em meio a um turbilhão de preocupações, prazos, horários, dívidas e metas, chegam silenciosas em meio a mil vozes que nos dizem que são elas, as crianças, que precisam se adaptar e se encaixar. As crianças chegam nos pedindo um pouco mais de tempo, passos mais lentos, olhares mais atentos, abraços sem pressa, sorrisos sem limites…

Chegam nos mostrando que nem nós deveríamos aceitar 
nos encaixar na vida atribulada e vazia, que nos consome na mesma medida que consumimos cada dia sem sentir, sem perceber."

Texto completo aqui

Luzinete R.C.Carvalho 








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