segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O que valeu a pena hoje?


" O que valeu a pena hoje? Sempre tem alguma coisa.... Um telefone. Um filme.
Paulo Mendes Campos, em uma de suas crônicas reunidas no livro "O Amor acaba", diz que devemos nos empenhar em não deixar o dia passar inutilmente.
Eu tenho a anos isso como lema. É pieguice, mas antes de dormir, quando o dia que  passou está dando o prefixo e saindo do ar, eu penso: o que valeu a pena hoje?
Sempre tem alguma coisa. Uma proposta de trabalho, um telefone, um filme.
Um corte de cabelo que deu certo. Até uma briga pode ser útil, caso tenha iluminado o que andava escuro dentro da gente.
Já para algumas pessoas, ganhar o dia é ganhar mesmo: ganhar um aumento, ganhar na loteria, ganhar um pedido de casamento, ganhar uma licitação, ganhar uma partida.
Mas para quem valoriza apenas as mega vitórias, sobram centenas de outros dias em que, aparentemente, nada acontece, e geralmente são essas pessoas que vivem dizendo que a vida não é boa, e seguem cultivando sua angústia existencial com carinho e uísque, mesmo já tendo seu super apartamento, sua bela esposa, seu carro do ano e um salário aditivo.
Nas últimas semanas, meus dias forma salvos por detalhes. Uma segunda-feira valeu por um programa de rádio que fez um tributo aos Beatles e que me arrepiou, me transportou para uma época legal da vida, me fez querer dividir aquele momento com pessoas que são importantes pra mim.
Na terça, meu dia não foi em vão porque uma pessoa que eu amo recebeu um diagnóstico positivo de uma doença que poderia ser mais séria.
Na quarta, o dia foi ganho porque o aluno de uma escola me pediu para tirar uma foto com ele.
Na quinta, uma amiga que eu não via há meses ligou me convidando para almoçar.
Na sexta, o dia não partiu inutilmente, só por causa do cachorro-quente.
E assim correm os dias, presenteando a gente com música, um crepúsculo, um instante especial que acaba compensando 24 horas banais.
Claro que tem dias que ninguém nos surpreende, o trabalho não rende e as horas se arrastam melancólicas, sem falar naqueles dias em que tudo dá errado: batemos o carro, perdemos um cliente e o encontro da noite é desmarcado. Pois estou pra dizer que até a tristeza pode tornar um dia especial, só que não ficaremos sabendo disso na hora e sim lá adiante, naquele lugar chamado futuro, onde tudo se justifica.
É muita condescendência com o cotidiano, eu sei, mas não deixar o dia de hoje partir inutilmente é o único meio de a gente aguardar com entusiasmo o dia de amanhã;

A sempre grande na minha opinião - Martha Medeiros.





3 comentários:

  1. Oi, Fê

    Claro que pode fazer um post sobre o "Namastê" afinal é sempre bom passarmos informações de fontes diferentes aos nosso leitores.

    Assim tb o pessoal assimila melhor essa palavra tão linda...

    Namastê.

    bjs

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  2. Ah, eu amo tudo que a Martha Medeiros escreve, tudo, beijos.

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Namastê!